30 de novembro de 2010

Mãe e o abraço no tempo

O vento balança os galhos,
Balança os pássaros da noite
E meus cabelos sonâmbulos.
Faz muito frio agora...
Véspera do dia das mães.

A noite é longa de imagens saudosas.
Os dias passaram,
Os filhos cresceram
Sem que eu percebesse que ficava só...

Onde estão meus meninos?
As camas estão vazias na mente,
A casa é grande e escura,
Meu abraço não os cobre mais,
São homens agora...

O frio aumenta a lembrança.
Abro os braços na tentativa
De voltar no tempo.
O vento insiste, sacode tudo, até a alma...
Aumenta a saudade e fico só...
com o frio e os braços abertos,
na longa noite sem abraço...

ENTREVISTA SOBRE O MEMORIAL SERRA DA MESA

ENTREVISTA PARA UNIVERSIDADE ESTADUAL DE GOIÁS DE URUAÇU, CURSO DE HISTÓRIA, ACADEMICA JOSIANE DAS GRAÇAS ADORNO PARA UMA MONOGRAFIA SOBRE O MEMORIAL SERRA DA MESA

1 – Como foi seu primeiro contato com a idéia sobre a construção do Memorial Serra da Mesa e qual foi nesse momento inicial a sua relação com esse grande projeto?
Meu primeiro contato com a idéia de preservação da cultura e da história vem de longa data. Desde menina me interessei pelas histórias dos mais velhos e das cidades e assim sempre escrevi registrando a realidade das pessoas de classe baixa, da qual também faço parte. Através de uma ex-patroa e amiga (Veronica Aldé), esses manuscritos foram para Universidade Católica de Goiás, atual PUC e o professor Altair Sales Barbosa como diretor do ITS autorizou a publicação de uma revista de causos.
O lançamento da revista de causos foi na cidade de Uruaçu no hotel Flamboyant dia 24 de novembro de 2004 e contou com a presença maciça de uruaçuenses e autoridades locais. Nesse evento a Prefeita na época, Marisa P Araujo ficou conhecendo a equipe do ITS, inclusive o professor Altair e conversaram sobre o que poderia ser feito para minimizar os impactos ambientais causados com a construção do Lago de Serra da Mesa e a idéia do professor Altair foi a construção de um Memorial que contasse toda história da região de Serra da Mesa, nesse dia então nasceu a idéia do Memorial Serra da Mesa.
Começou então a árdua tarefa de se conseguir recursos financeiros, material histórico para efetuar o projeto feito pelo ITS. A Prefeitura em parceria com UCG buscou recursos nos Ministérios, Furnas, CEF, Banco do Brasil e algumas emendas parlamentares. A Pedra Fundamental foi lançada em 2006 e o Memorial foi inaugurado em 26 de setembro de 2008.
2- Quem, no seu ponto de vista foi o maior incentivador (a) deste projeto e quais eram suas justificativas para se fazer um Memorial desse porte nesse lugar?
No meu ponto de vista o Memorial existe por uma idéia do professor Altair que foi acatada pela prefeita Marisa que com muita garra lutaram para que o projeto se concretizasse. Porem várias pessoas dedicaram de corpo alma a esse projeto como o arquiteto Louis Bernard Tranquilin, o geólogo Alan Kardec, a musicista Veronica Aldé, o professor Hidasi com animais taxidermados e eu com uma pesquisa séria querendo que esse Memorial existisse e fosse concretamente a alma da região.
3- O que é o Memorial Serra da Mesa para você? Da pesquisa que você realizou, da coleta de materiais que hoje faz parte do acervo do Memorial e nesse processo de coleta e pesquisa à montagem da instituição guardiã, como você definiria hoje o sentido do seu trabalho? E diante desse mesmo processo no qual você é pioneira na região, como definiria hoje o Memorial como instituição cultural localizada, acha que o turismo cultural agregado ao Memorial será suficiente para preservar a sua pesquisa e, mais ainda preservar a memória do lugar?
O sentido do meu trabalho está na mudança de atitudes que posso testemunhar desde a construção até os dias atuais na rotina do Memorial Serra da Mesa. Professor Altair trouxe seus conhecimentos, suas pesquisas sobre o bioma cerrado e enriqueceu o museu. A coleta que fiz do acervo trouxe uma pesquisa aprofundada do modo de vida do homem do cerrado ou seja da região de Serra da Mesa. A convivência com os doadores enriqueceu meu modo de ser, de pensar e até de viver e agora no Memorial isso pode ser transmitido a milhares de pessoas. Hoje o Memorial é uma das maiores instituições culturais do norte goiano e freqüentado por pessoas de todas as partes do mundo, o que pode ser comprovado no livro de visitas. Então hoje esse espaço se consolida como o atrativo turístico cultural mais bem freqüentado da região. Todos os grupos que o visitam, têm comprovadamente mudanças de atitudes quanto à preservação da história, do meio ambiente e até para consigo mesmo. A visita guiada é a oportunidade de reflexão única, até mesmo alunos que são tidos como displicentes, nos espaços temáticos do Memorial eles participam e seus depoimentos são arquivados como exemplos para as futuras gerações.
4- Descreva-nos como você percebe cada um dos espaços internos que compõem o Memorial
O Memorial é espaço para reflexão desde a pedra fundamental, cujo propósito é ser aberta de 100 em 100 anos, só isso já deixa claro ao visitante que a vida vai muito alem dos poucos anos aqui vividos, o que é comprovado na seqüência com a amostra de arvores fossilizadas com aproximadamente 240 milhões de anos. O Museu mostra desde o tempo geológico quando só existiam as rochas e numa seqüência histórica leva o visitante a uma viagem pelo tempo refletindo sobre a formação do cerrado, dos indígenas e seus costumes, a do homem e do progresso conscientizando para a degradação do meio ambiente, principalmente a água. Os outros espaços dão continuidade à essa reflexão onde o visitante aprecia o passado comparando ao presente e assim se colocando como ser responsável pelo equilíbrio da vida na terra.
5 – Como você percebe esse projeto turístico cultural hoje? O projeto atende sua pretensão? O projeto é amparado por quais instituições? Quantos funcionários ele mantem? Sua manutenção é estável?
Atualmente esse projeto está apenas no inicio, o Memorial é um local de pesquisa contínua e necessita de toda a comunidade para atender sua pretensão. Hoje contamos com a parceria da UEG Uruaçu, UNB DF, FASEM Uruaçu e ITS_PUC com estagiários e técnicos que participam auxiliando no dia a dia do Memorial. O numero de funcionários é escasso para o tamanho do empreendimento, mas mesmo assim o espaço está limpo e bem cuidado e bastante visitado. O acervo aumentou em mais de 200 peças no ano de 2009 e a formação de profissionais é continua através do Ponto de Cultura do programa Cultura Viva. Temos 5 eventos no ano, todos com grande público de várias c cidades. Temos artistas filhos do Memorial e várias manifestações culturais já desaparecidas que foram resgatadas e são transmitidas nas escolas e nos eventos, enfim, somos reconhecidos em todo o mundo.
6-Quais são os nomes que você citaria que jamais poderiam ser esquecidos no que se refere a construção do Memorial Serra da Mesa? Por que?
Os nomes que poderia citar aqui dariam uma lista enorme e poderia ficar alguém de fora. Considero importante lembrar que sem a idéia do professor Altair e sem o empenho da prefeita Marisa o projeto não existiria. Eu trabalhei muito, mas não teria força política para isso. Somente um órgão público, uma prefeita que pensasse em cultura e um cérebro privilegiado como do professor Altair Sales Barbosa poderiam fazer surgir um monumento de tamanha grandeza. Mas confesso que a alma que esse monumento possui tem muito das doações, das histórias que recebi do povo de Serra da Mesa; uma alma que engloba os causos do Caxá, a benzeçao da dona Izabel, a voz dos foliões, as memórias do Ze Gomes Guarani, do seu Antonio da Colher de Pau, do Seu Chico de Trairas, do Vozinho de Porangatu e de tantos outros que participaram da minha pesquisa que nada mais era que uma busca no tempo pela preservação da história e do meio ambiente.

19 de outubro de 2010

ओ लूला कुए एउ CONHECI


O LULA QUE EU CONHECI

Aqui no cafundó do Brasil as noticias chegam pela Tv, principalmente a Globo porque essa não precisa de parabólica, então como o pessoal não tem costume de ler jornal, a Tv é a informante oficial.

Ficamos sabendo o tempo todo que o Lula analfabeto, pinguço e outras mais estava só roubando do Brasil, então fomos desconfiando que isso não podia ser porque nossa vida está melhorando, podemos ter um padrão de vida de gente civilizada.

Eu, a autora dessas linhas fiz as três primeiras series e o gosto pela leitura me fez conhecer o mundo. A Tv globo não conseguiu me prender frente à telinha e o meu maior tempo é frente aos livros e analisando a realidade vivida.

Convivo com indígenas, com a comunidade mais pobre e com essas pessoas aprendi mais que em qualquer universidade. Trabalhando com o folclore tive a grata surpresa de ir bem pertinho do Lula, no dia em que o espaço Memorial Serra da Mesa foi reconhecido como uma das melhores práticas em Goiás, espaço que coordeno num trabalho voluntário.

A reunião no Teatro da Caixa foi de muita curiosidade para ver de perto aquele homem que é motivo de tanta polêmica. Ele iniciou a falar, logo jogou fora o papel e começou o discurso informal. A linguagem clara, o jeito menino me chamou a atenção, seu discurso foi seguro e sem desenhos de palavras difíceis.

Na hora da foto com ele, alguém o chamava, ele retrucou:

- Ah cabra agora que vou tirar foto com ela, fica me chamando, o povo ta aqui pra conhecer o prisidente, então deixa!

Sem cerimônia o Lula se mistura ao povo, esse povo que até então morando nos cafundós não se destacava, a cultura era só para Rio, São Paulo e alguns outros.

Então o Lula que eu conheci levou a senhora do boi do Maranhão, o catireiro da roça, o contador de causo dos confins do sertão e nós do cafundó de Goiás para o patamar de agentes da cultura, temos valor e alguns até são chamados de mestres. Esse Lula enfrentou a causa da classe pobre e hoje é considerado o presidente mais popular do mundo.

Sir Odussein do governo de Agege (Nigeria) no X Encontro de Culturas Chapada dos Veadeiros me disse:

- O Brasil tem que saber que o presidente Lula é um gênio e não nascem gênios todos os dias...

Agora esse gênio indica Dilma para continuar seu trabalho e a oposição critica que ela não fará o mesmo e chovem denúncias de todo tipo. Mas dentro da simplicidade aqui do cafundó aprendemos a conhecer o outro pelo olhar, e olhando de perto o Lula não acredito que ele ia investir todos os esforços em eleger alguém que não fosse confiável.

Então pelo sucesso da cultura atual, pelo bem estar dos mais pobres, pela visão que o mundo tem do Brasil e acima de tudo por acreditar que o Brasil começou uma nova era, acato a decisão do gênio Luis Inacio Lula da Silva.

18 de junho de 2010

PRÊMIO DESTAQUE CULTURAL DO ANO 2009

Nara Leão canta suavemente “Cuitelinho”..
...a tua saudade corta como aço de navaia, o coração fica aflito, uma bate outra faia...
O peito faia também...
As lembranças ressurgem lentas e marcantes. O pássaro preto escandalosamente grita vigiando o ninho, desafiando dezenas de visitantes:
Me atrapalho com a tinta à base de jenipapo, quero aparecer toda pintada para receber o “Diploma Destaque Cultural do Ano 2009”.
Na realidade esse prêmio não é meu e sim de muitos, os quais adentrei suas vidas e contei a história, o causo do fundo da alma de cada um...


Como a benzedeira que carrega o corpo com a benzeção, eu carrego as dores, as vozes, os sonhos de todos: quilombolas, foliões, idosos, crianças de rua e acima de tudo, dos indígenas... Sou parte deles.

E então pintada, sou todos eles..

Vou contente pegar o diploma, meu rosto pintado representa a alma dos considerados pequenos, mas que são tão grandes, capazes de ensinar o homem a viver de verdade, a começar tudo de novo...
Vou calma e feliz... não sentirei o peso dos anos: eles estarão mascarados de tinta e de felicidade...

O prêmio é nosso...

SOU ASSIM...


SOU ASSIM, Mulher...

Sou assim...
Frágil e forte
Dependente ou não.

A cada situação renasço um pouco...
A dor lapida a alma e tudo é saudade.

Sou uma flor, um gigante,
Às vezes uma menina travessa,
Sou mulher...

Desafio a indiferença do mundo
E choro diante de um gesto de amor.

Enfrento a morte como se enfrenta o dia,
Às vezes tão longo...!...!...

A espera do amanhã é suportável
Diante da mão amiga,
Do sorriso da criança...

E a vida cresce,
O sonho toma asas,
Em meu coração menino,
De mulher...

Sinva