A rua repleta de gente desperta para a realidade de uma multidão de pessoas que falam línguas estranhas, indiferentes ao pequeno, ligadas às futilidades esquecendo, sobretudo a vida...
O carroceiro levanta forte o chicote, o esqueleto magro do cavalo sobe a avenida puxando a carroça de areia, ele tem alma que o carroceiro não vê...
O pequeno engraxate entra e sai das lojas comerciais, seu rosto criança corre atrás de dinheiro e até mente dizendo que só engraxa no final de semana... O que ele esconde por trás dos olhinhos tristes? Não é só ir para o Muquém...
O bêbado é dono da rua, disfarça sua dor na embriaguez, só assim ele é maior e eterno...O cachorro faminto o segue em círculos...
Volto pra casa cansada de tudo e ao chegar escuto o gemido do córrego que insiste em correr fugindo do lixo, dos esgotos e do homem...
O calor é insuportável, minha dor é maior... O vento carrega o mau cheio do esgoto, enxuga as lágrimas e foge rápido para não testemunhar a imbecilidade do homem...
Minha casa é grande demais hoje, porém não cabe as lágrimas...
Consulto o espelho e ele mostra as olheiras que refletem os anos, o cansaço e a solidão...
Escrevo, brigo, denuncio para fazer um mundo melhor; mas quando tento encontrar o outro dou de cara comigo só, muito só...
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