10 de junho de 2012

ERA UMA VEZ UMA FLOR
Para alguns, a vida é tão somente um cemiterio de ilusões, para outros, um atalho para a ilusão.
Pelas mãos de Bach, como outra "ilusão", tratei de ser essa flor que sonha.
Nasci com meu corpo submerso em uma terra desconhecida. Uma terra que - sem saber por quê - mantem-me em cativeiro. Em meus breves dias vi a trajetoria da mesma abelha. E senti da doçura e o fustigar do vento, que me faz estremecer e ameça quebrar-me. A cada amanhecer - ao despertar - meu coração se enregela com o orvalho. E não compreendo por que há um novo amanhecer. Por que - pergunto às outras flores que me acompanham desde sempre - , por que a solidão das noites sucede o fogo do crespúsculo? Por que mnha "alma" estremece com o sonho da liberdade se, na realidade, vivo na terra e pela terra? E meus "companheiros" de margem de rio não souberam o que responder. - Sempre foi assim - explicaram-me em sua própria solidão. - Esqueça esses sonhos impossiveis. Contudo, continuo vendo as águas que passam à minha frente, no rio misterioso que sempre esteve ali e que a cada dia alimenta mais minhas esperanças de liberdade e sabedoria. As velhas flores, espantadas, rejeitam minha ideia. E perguntam-se por que não conformar-se com a terra que nos alimenta e com a paisagem que nos envolve. Por que pensar? Aquelas águas que por vezes borrifam minhas pétalas parecem enfeitiçadas. E algo me impele a saltar em seu leito. E buscar novos horizontes. E conhecer novos mundos. Sonho deixar-me levar pela correnteza. Por esse jorro de vida líquida que ali está, desde a eternidade de minha pequenez. E que sempre passa, como um chamado entre pedras e juncos. Como um sinal. Quase como um brado. Como um aviso de que existe outra vida. Como um clarim sem cor que clama, pede e implora, chamando a atenção para o barro de nossa existencia, para o absurdo que são essas raizes que me paralisam em um mesmo ponto da terra. Impulso irrefreável de caminhar toma conta de mim. Impulso de escapar desta margem da Vida, onde tudo permanece imóvel, e conhecer novos horizontes. E uma manhã, aquela flor diferente - que sonhava mais do que as outras - tomou uma decisão. E saltou sobre o leito do rio. Por muitas horas as águas arrastaram-na desordenadamente. Mil vezes sentiu-se morrer. Sentia uma força avassaladora. - Ela enlouqueceu - comentavam umas com as outras. - Vai perder tudo que tem. Vai morrer. Mas a pequena flor de pétalas avermelhadas continuou avançando para o centro da correnteza. E pouco a pouco - quase como se ocorresse um milagre - começou a sentir inaudita paz. Chegara a um enorme lago. Um mundo desconhecido, mas belo. Um mundo de sensações. Um mundo onde tudo era movimento e luz... E a flor sentiu-se feliz. Agora sim era livre
J. J. Benitez

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