Sinvaline
A vida insiste em viver: no sol, na terra, no ninho e em mim...
2 de julho de 2017
Escravidão dos inocentes
Escravidão não é assunto do passado. Assistimos todos os dias o sofrimento cruel dos animais de carroça nas cidades. As pessoas não se interessam pela dor desses pobres indefesos. Por que o cavalo tem que trabalhar para alimentar homens? De onde vem essa lógica.
Cansado, faminto, pés ferrados no asfalto quente, boca com freio que corta a língua, lombo ferido com o peso e pelo chicote implacável do carroceiro que se esquece que o cavalo não é uma máquina para correr no asfalto competindo com os carros.
As patas do animal não foram feitas para o asfalto, a crueldade é tamanha, que esses animais vivem ou vegetam pouco tempo, para serem descartados e abandonados.
Essa tortura diária,essa dor constante é só do cavalo, os homens fingem que não enxergam. Nunca entendi porque ainda continua essa escravidão de animais na cidade. Os animais das fazendas sofrem menos pois não precisam de ferraduras e nem andam no asfalto. A jornada de trabalho costuma ser menor.
Será que ainda haverá justiça para esses sofredores. E as leis de proteção animal serão válidas?
Sonho ver carroças, ferraduras e chicotes só em museus que lembrarão um tempo em que homens cruéis escravizavam animais..
10 de agosto de 2012
Avá-canoeiro, o retrato do abandono, por Walter Sanches
Palavras de quem convive de perto com uma familia massacrada pelo homem branco, onde perderam tudo , até a dignidade de viver como indígena.
Emocionante relato do amigo Walter Sanches:
Quando apagavam-se as luzes do ano de 2009 (embora muitas já se acendessem para o "réveillon"), os índios brasileiros foram surpreendidos por uma triste e brutal notícia: através do Decreto nº 7056, publicado no dia 28 de dezembro, os Postos Indígenas da Funai estavam extintos.
Esses postos, atuando em todos os rincões do País desde os tempos do SPI (Serviço de Proteção ao Índio), eram, praticamente, o único, visível e alcançável instrumento com que os índios podiam contar - e sempre contaram - na hora do aperto.
Na terra Indígena Avá-Canoeiro, situada nos municípios de Minaçu e Colinas do Sul, Norte goiano, onde trabalhamos, o efeito foi devastador: a Barreira Fiscal de proteção à "reserva" e aos índios Avá (mantida, até então, pelo extinto posto) foi destruída por vândalos - que se encorajaram com o momento oportuno. Invasores sentiram-se à vontade para adentrarem a terra e nela instalarem-se, não havia mais obstáculo para isso.
Sem recursos que lhes cheguem às mãos e sem ter como obtê-los, o pequeno grupo étnico Avá-Canoeiro hoje, dois anos e meio depois do tal decreto, doente e debilitado sobrevive da caridade pública e de ações filantrópicas - quando aparecem.
Eles que já são sobreviventes de inúmeros massacres e emboscadas e de impactos ambientais causados pelas hidrelétricas em suas terras.
Existe na Funai uma forte corrente contra aquilo que convencionou-se chamar de "paternalismo" ou seja: defensores da filosofia de que não se deve dar o peixe ao indivíduo e, sim, o anzol. Essa filosofia e esse procedimento, entretanto, não são válidos para os funcionários da Casa. Dependendo do cargo que ocupam, fazem questão de proteger, presentear e trazer de volta os velhos amigos aposentados, conferindo-lhes novos salários ou pagando diárias para quem nada tem o que fazer em determinados lugares - mas gosta de pescar ou "encher a cara" nas cidades do interior. Contanto que sejam todos da mesma confraria indigenista - e da mesma escola. O antipaternalismo desses servidores só funciona em relação aos índios.
É certo que a instituição já vinha "capengando" ao longo do tempo, mas o Decreto 7056 quebrou sua espinha dorsal. E os problemas sociais decorrentes da falta de acesso às políticas públicas voltadas à valorização e a autosustentabilidade dos povos indígenas têm levado a casos extremos, como os dos diversos suicídios ocorridos nos últimos anos entre jovens Karajá, na Ilha do Bananal/TO. Esse descontrole emocional, segundo relatam familiares das vítimas, é causado pelo abandono por parte do Estado, pela falta de perspectivas e ações que possam promover a saúde, a educação, o esporte e a profissionalização dos jovens indígenas.
Não há Regimento Interno na Funai, e seus próprios servidores não são capacitados para o exercício de suas funções - assim como não existem critérios técnicos para a distribuição de cargos em comissão. E, por ironia da sorte, o Decreto 5076/09, arvorando-se em reestruturação do órgão, desmantelou o pouco que ainda funcionava com o aprendizado dos anos - cabendo às comunidades indígenas a penalização maior.
Walter Sanches é Técnico Indigenista
10 de junho de 2012
ERA UMA VEZ UMA FLOR
Para alguns, a vida é tão somente um cemiterio de ilusões, para outros, um atalho para a ilusão.
Pelas mãos de Bach, como outra "ilusão", tratei de ser essa flor que sonha.
Nasci com meu corpo submerso em uma terra desconhecida. Uma terra que - sem saber por quê - mantem-me em cativeiro.
Em meus breves dias vi a trajetoria da mesma abelha. E senti da doçura e o fustigar do vento, que me faz estremecer e ameça quebrar-me.
A cada amanhecer - ao despertar - meu coração se enregela com o orvalho. E não compreendo por que há um novo amanhecer.
Por que - pergunto às outras flores que me acompanham desde sempre - , por que a solidão das noites sucede o fogo do crespúsculo? Por que mnha "alma" estremece com o sonho da liberdade se, na realidade, vivo na terra e pela terra?
E meus "companheiros" de margem de rio não souberam o que responder.
- Sempre foi assim - explicaram-me em sua própria solidão. - Esqueça esses sonhos impossiveis.
Contudo, continuo vendo as águas que passam à minha frente, no rio misterioso que sempre esteve ali e que a cada dia alimenta mais minhas esperanças de liberdade e sabedoria.
As velhas flores, espantadas, rejeitam minha ideia. E perguntam-se por que não conformar-se com a terra que nos alimenta e com a paisagem que nos envolve. Por que pensar?
Aquelas águas que por vezes borrifam minhas pétalas parecem enfeitiçadas. E algo me impele a saltar em seu leito. E buscar novos horizontes. E conhecer novos mundos.
Sonho deixar-me levar pela correnteza. Por esse jorro de vida líquida que ali está, desde a eternidade de minha pequenez. E que sempre passa, como um chamado entre pedras e juncos. Como um sinal. Quase como um brado. Como um aviso de que existe outra vida. Como um clarim sem cor que clama, pede e implora, chamando a atenção para o barro de nossa existencia, para o absurdo que são essas raizes que me paralisam em um mesmo ponto da terra.
Impulso irrefreável de caminhar toma conta de mim. Impulso de escapar desta margem da Vida, onde tudo permanece imóvel, e conhecer novos horizontes.
E uma manhã, aquela flor diferente - que sonhava mais do que as outras - tomou uma decisão. E saltou sobre o leito do rio.
Por muitas horas as águas arrastaram-na desordenadamente. Mil vezes sentiu-se morrer. Sentia uma força avassaladora.
- Ela enlouqueceu - comentavam umas com as outras. - Vai perder tudo que tem. Vai morrer.
Mas a pequena flor de pétalas avermelhadas continuou avançando para o centro da correnteza. E pouco a pouco - quase como se ocorresse um milagre - começou a sentir inaudita paz. Chegara a um enorme lago. Um mundo desconhecido, mas belo. Um mundo de sensações. Um mundo onde tudo era movimento e luz...
E a flor sentiu-se feliz. Agora sim era livre
J. J. Benitez
9 de junho de 2012
Lago Serra da Mesa
Calor, sons, gritos e bêbados, uma mistura de poluição sonora e ambiental. As águas do Lago revolvem tentando vomitar a sujeira abafada pelo som mecânico e profano. O menino de 12 anos fuma um baseado, a moça mostra o bumbum e os rapazes sacodem o corpo e a cabeça. São indiferentes à vida que se mostra no azul do céu ao entardecer...
23 de maio de 2012
SENTIDOS
Dispersei versos por ai...
Voei e fui feliz, um longo caminho percorri...
Vozes e faces carrancudas me arrancam do torpor
Aterrizei num mundo de pessoas civilizadas que não sonham mais...
A poesia ficou ridícula, os homens não apreciam, são máquinas em busca de dinheiro
Cabisbaixa segui e tropecei num menino que cantava e sorria.
Esqueci os homens-maquinas e voltei a ter sonhos de pássaros e crianças.
4 de agosto de 2011
III SEMANA DO FOLCLORE SERRA DA MESA
O Memorial Serra da Mesa promove de 7 a 11 de Setembro, a III Semana do Folclore. O evento receberá grupos culturais do norte goiano e de várias partes do Brasil.
O Encontro de Folias, Festival de Piadas, Rodas de Prosa, Fiando e Cantando com as Fiandeiras locais e de Alto Horizonte, Zé Capeta e Glória Berranteiros, Casamento Caipira, Viola Afinada, Chimite, Dança do Passarinho, Gastronomia da roça, Feira de artesanato, Oficinas de moagem de cana-rapadura-melado, Cavaleiros de Santana, Congo Santa Efigenia, Pedro Serra da Mesa e apresentações das escolas municipais, estaduais e universidades da região.
Entrada grátis, paga o que consome.
Area de camping para alugar - fone 6281301136
memorialserradamesa@gmail.com
22 de janeiro de 2011
Qual será o dia do indio?
Para falar do indígena começo com esse pensamento de Orlando Villas Boas.
"Em vez de querer ensinar aos índios, o homem branco deveria ter a humildade para aprender com eles que o velho é o dono da história, o homem é o dono da aldeia e a criança é a dona do mundo".
Na minha pouca convivência com indígenas aprendi lições que me acompanharão sempre: de como o índio sabe conviver com a terra, o meio ambiente e com o próximo.
Embora se diferenciem no modo de falar , pintar o corpo e outros detalhes, os indígenas em todo planeta têm em comum o respeito pela criança, pelo velho e a vivência em grupo onde as decisões são coletivas.
Qual será o dia do índio, quando eles serão reconhecidos como a nação que tem lições para o homem que se diz civilizado e arrasa com a natureza?
Ano de 2009 e o homem branco continua com as ações impensadas contra o índigena e o meio ambiente.
O avanço da tecnologia e o capitalismo a cada dia mais empurram o índio, os bichos para um abismo sem volta.
Todos os dias devem ser lembradas as lições do krahô, do korubo e tantos outros que vivem ainda em pequenos torrões de terra amedrontados com um futuro que está nas mãos do homem branco.
Amanhã se comemora o dia do índio, e nada melhor para refletir sobre sua situação com o texto que transcrevo aqui do indigenista Walter Sanches:
"Os índios Avá-Canoeiro, habitantes da região de Serra da Mesa, norte goiano, compõem atualmente uma família de seis pessoas. Eram quatro, quando em julho de 1983 renderam-se aos fazendeiros locais. Perseguidos e dizimados, a sina dessa Etnia coloca hoje seus sobreviventes em circunstância atípica entre os demais e não menos aviltados povos indígenas brasileiros.
Em 1990, quando cheguei para trabalhar no Posto Indígena de Atração Avá-Canoeiro, encontrei-os – quatro adultos e duas crianças – comendo açúcar cristal em panelas de alumínio e bebendo óleo de soja em copos de vidro, deliciados com as recentes descobertas gastronômicas e das quais ainda não haviam assimilado a prudência do uso.
No posto da FUNAI existia um fogão à gás, e as mulheres, não raro, detinham-se diante dele, acariciando o bujão e sonhando ter um igual na “oca”. “Este fogo bonito, bom muito!” - murmuravam diante da chama azul. Iawí, único homem adulto do grupo (o outro era Trumak, seu filho, de 3 anos) sonhava, por sua vez, com uma casa de telhas francesas. “Buriti presta não”, costumava dizer, referindo-se aos telhados regionais feitos com a palha dessa palmeira, que, devido aos novos hábitos alimentares – leia-se sal e açúcar – tornavam-se o esconderijo/criatório escolhido por milhares de baratas infernizando a vida doméstica.
Sua morada, que achávamos por bem continuar chamando de “oca”, não passava de um triste e frágil casebre coberto de folhas de zinco, entulhado de molambos e trastes inúteis, o lixo cultural adquirido da sociedade envolvente, não tendo para eles grande importância e sim para os répteis e insetos que dali faziam seus pontos de proliferação.
Aceitavam como amigos, tutores ou anjos da guarda aqueles que devassavam e depredavam a terra indígena ainda não demarcada. Conviviam amistosamente com caçadores e pescadores vorazes, muitos vindos de longe no faro dos últimos tamanduás, tucanos e jaús, numa matança infernal a que eles, índios, entre a apatia e a perplexidade assistiam calados. Nunca, entretanto, demonstraram disposição para voltar à mata em busca da dignidade, da autonomia e do sossego perdidos; já traziam intransponível dependência da sociedade regional, etnocêntrica e perversa, mesmo assim arvorada em “aculturá-los”.
E fugir, para onde? Onde quer que se escondessem haveria um minério a ser garimpado por estranhos, uma fazenda a ser instalada, estradas ameaçando romper a aldeia, eventos que para eles jamais trouxeram qualquer benefício, e, de concreto, apenas o genocídio.
Como esperar uma reação libertadora daquela Nação mortalmente ferida, reduzida a quatro viventes, havendo travado seus primeiros contatos conosco somente nos anos 80, rendidos e traumatizados por nossa truculência emocional e tecnológica? Cabia-nos, evidentemente, garantir àquele pequeno grupo étnico o máximo de segurança para continuar vivo e conseguir transpor, com a força dos derradeiros resquícios culturais ainda mantidos, os grilhões da nova e sutil emboscada em que vieram a cair, porque o resto fazia parte de um passado cada vez mais remoto.
Hoje, a Terra Avá-Canoeiro, ainda distante da homologação, serve de palco para a festa das hidrelétricas. Terrenos fundamentais para roçados submergiram a imensos lagos artificiais, enquanto longos e perigosos corredores de fios de alta tensão vão multiplicando-se dentro da “reserva”. Tudo sem qualquer ressarcimento efetivo e honesto que busque minimizar tamanha e indesejável interferência no mundo e na vida dos índios atingidos. E eles também sobreviveram a essa realidade, porém, não se reproduziram mais. A quem, de sã consciência, ocorreria deixar para seus filhos uma herança dessas?"
Amigo Walter continuo dizendo:
... durante séculos o homem branco deixou como herança para o indígena uma grande solidão e um futuro incerto.
"Em vez de querer ensinar aos índios, o homem branco deveria ter a humildade para aprender com eles que o velho é o dono da história, o homem é o dono da aldeia e a criança é a dona do mundo".
Na minha pouca convivência com indígenas aprendi lições que me acompanharão sempre: de como o índio sabe conviver com a terra, o meio ambiente e com o próximo.
Embora se diferenciem no modo de falar , pintar o corpo e outros detalhes, os indígenas em todo planeta têm em comum o respeito pela criança, pelo velho e a vivência em grupo onde as decisões são coletivas.
Qual será o dia do índio, quando eles serão reconhecidos como a nação que tem lições para o homem que se diz civilizado e arrasa com a natureza?
Ano de 2009 e o homem branco continua com as ações impensadas contra o índigena e o meio ambiente.
O avanço da tecnologia e o capitalismo a cada dia mais empurram o índio, os bichos para um abismo sem volta.
Todos os dias devem ser lembradas as lições do krahô, do korubo e tantos outros que vivem ainda em pequenos torrões de terra amedrontados com um futuro que está nas mãos do homem branco.
Amanhã se comemora o dia do índio, e nada melhor para refletir sobre sua situação com o texto que transcrevo aqui do indigenista Walter Sanches:
"Os índios Avá-Canoeiro, habitantes da região de Serra da Mesa, norte goiano, compõem atualmente uma família de seis pessoas. Eram quatro, quando em julho de 1983 renderam-se aos fazendeiros locais. Perseguidos e dizimados, a sina dessa Etnia coloca hoje seus sobreviventes em circunstância atípica entre os demais e não menos aviltados povos indígenas brasileiros.
Em 1990, quando cheguei para trabalhar no Posto Indígena de Atração Avá-Canoeiro, encontrei-os – quatro adultos e duas crianças – comendo açúcar cristal em panelas de alumínio e bebendo óleo de soja em copos de vidro, deliciados com as recentes descobertas gastronômicas e das quais ainda não haviam assimilado a prudência do uso.
No posto da FUNAI existia um fogão à gás, e as mulheres, não raro, detinham-se diante dele, acariciando o bujão e sonhando ter um igual na “oca”. “Este fogo bonito, bom muito!” - murmuravam diante da chama azul. Iawí, único homem adulto do grupo (o outro era Trumak, seu filho, de 3 anos) sonhava, por sua vez, com uma casa de telhas francesas. “Buriti presta não”, costumava dizer, referindo-se aos telhados regionais feitos com a palha dessa palmeira, que, devido aos novos hábitos alimentares – leia-se sal e açúcar – tornavam-se o esconderijo/criatório escolhido por milhares de baratas infernizando a vida doméstica.
Sua morada, que achávamos por bem continuar chamando de “oca”, não passava de um triste e frágil casebre coberto de folhas de zinco, entulhado de molambos e trastes inúteis, o lixo cultural adquirido da sociedade envolvente, não tendo para eles grande importância e sim para os répteis e insetos que dali faziam seus pontos de proliferação.
Aceitavam como amigos, tutores ou anjos da guarda aqueles que devassavam e depredavam a terra indígena ainda não demarcada. Conviviam amistosamente com caçadores e pescadores vorazes, muitos vindos de longe no faro dos últimos tamanduás, tucanos e jaús, numa matança infernal a que eles, índios, entre a apatia e a perplexidade assistiam calados. Nunca, entretanto, demonstraram disposição para voltar à mata em busca da dignidade, da autonomia e do sossego perdidos; já traziam intransponível dependência da sociedade regional, etnocêntrica e perversa, mesmo assim arvorada em “aculturá-los”.
E fugir, para onde? Onde quer que se escondessem haveria um minério a ser garimpado por estranhos, uma fazenda a ser instalada, estradas ameaçando romper a aldeia, eventos que para eles jamais trouxeram qualquer benefício, e, de concreto, apenas o genocídio.
Como esperar uma reação libertadora daquela Nação mortalmente ferida, reduzida a quatro viventes, havendo travado seus primeiros contatos conosco somente nos anos 80, rendidos e traumatizados por nossa truculência emocional e tecnológica? Cabia-nos, evidentemente, garantir àquele pequeno grupo étnico o máximo de segurança para continuar vivo e conseguir transpor, com a força dos derradeiros resquícios culturais ainda mantidos, os grilhões da nova e sutil emboscada em que vieram a cair, porque o resto fazia parte de um passado cada vez mais remoto.
Hoje, a Terra Avá-Canoeiro, ainda distante da homologação, serve de palco para a festa das hidrelétricas. Terrenos fundamentais para roçados submergiram a imensos lagos artificiais, enquanto longos e perigosos corredores de fios de alta tensão vão multiplicando-se dentro da “reserva”. Tudo sem qualquer ressarcimento efetivo e honesto que busque minimizar tamanha e indesejável interferência no mundo e na vida dos índios atingidos. E eles também sobreviveram a essa realidade, porém, não se reproduziram mais. A quem, de sã consciência, ocorreria deixar para seus filhos uma herança dessas?"
Amigo Walter continuo dizendo:
... durante séculos o homem branco deixou como herança para o indígena uma grande solidão e um futuro incerto.
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